terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Turismo em Portugal

Foi novamente publicada a prestigiada Lista de Classificação de destinos turísticos da National Geographic Traveler. Foram avaliados 133 destinos e, sem surpresas, a região dos fiordes da Noruega continua em primeiro lugar (está também no topo da minha lista de viagens prioritárias a realizar num futuro próximo), com um total de 85 pontos em 100. Surpreendente para muitos será a excelente posição alcançada pelo Vale do Douro em Portugal (76 pontos), 16ª do ranking, com uma pontuação muito similar à obtida por destinos muito mais famosos (exº: ilhas da Escócia, Torres del Paine no Chile, alpes bávaros, região de Engadine, na Suiça).


Não tanto surpreendente é a péssima posição obtida pelo Algarve, com apenas 43 pontos, obtendo a 124ª posição. Pior que isto, só mesmo a (des)honra dos espanhóis, com a Costa do Sol em último da lista.

Este ranking, como qualquer outro, terá a importância que lhe quisermos atribuir, mas devia fazer-nos reflectir seriamente sobre qual o modelo de turismo que queremos para Portugal. Parece que o “Allgarve” não será afinal a nossa salvação…

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Breve História de Quase Tudo

Se me deixassem ser Ministro da Educação, “Breve História de Quase Tudo”, de Bill Bryson, seria sem dúvida um dos livros de leitura absolutamente obrigatória para qualquer aluno do ensino secundário.

Bill Bryson, fazendo uso do seu conhecido sentido de humor, consegue explicar, com uma linguagem directa, acessível e empolgante, os conceitos mais complicados da ciência, sem perder o rigor científico e histórico.

Centrando-se nas ciências naturais, o livro faz, ao longo das suas quase 500 páginas, uma resenha muitíssimo completa (é mesmo “quase tudo”) da evolução do conhecimento científico nas mais diversas áreas, acompanhada pelas extraordinárias histórias de vida dos respectivos protagonistas.

O Big Bang, as medidas da terra e a sua idade, os dinossauros, a geologia e os vulcões, Einstein e a Teoria da Relatividade, a física quântica, a origem da vida e a evolução da espécie humana, do infinitamente pequeno ao infinitamente grande e um milhão de outros temas. Aqui, poderemos perceber tudo aquilo que já sabemos e o muitíssimo que nos falta ainda saber sobre o mundo que nos rodeia.

Este é indubitavelmente um dos melhores livros de divulgação científica que conheço, que certamente despertará em muitos o “bichinho” da curiosidade pelas coisas da ciência.

Eu já li e reli várias vezes e em cada uma delas aprendi sempre algo de novo…


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O PASSADO (NÃO MUITO DISTANTE)

Diário verídico de um dia de trabalho em 1989:


Hoje dei por mim a chegar ao escritório mesmo muito cedo. O entusiasmo justificava-se: era a primeira vez que ia efectuar as projecções financeiras dum projecto de investimento, utilizando o modelo da folha cálculo do Lotus 1-2-3 que tenho desenvolvido nos últimos meses no único PC da empresa. Na realidade, funcionou na perfeição como eu esperava e em poucas horas consegui obter os outputs dos cenários pretendidos. Isto vai mesmo ser uma revolução na forma como temos trabalhado no escritório, poupando imenso tempo. Desconfio é que os colegas mais velhos vão demorar algum tempo a aprender a utilizar esta ferramenta revolucionária, continuando a efectuar todos os cálculos com o velho método da “calculadora, lápis e papel”. Até agora, quando os resultados finais das projecções financeiras não correspondem às expectativas, qualquer mudança de pressupostos leva a um novo ciclo infernal de cálculos manuais.

Agora é urgente estudar com maior profundidade o Wordstar, o programa de processamento de texto que experimentei na semana passada. Pode ser que daqui a algum tempo não seja necessário esperar dias até que a nossa secretária acabe de dactilografar os relatórios na máquina de escrever. Na maior parte das vezes, coitada, refaz grande parte do trabalho, porque detectamos sempre alguns enganos na revisão final.

Amanhã tenho de ir todo o dia para as instalações dum cliente recolher informação, o que me vai impedir de efectuar os telefonemas urgentes que estão pendentes. Pode ser que não demore muito tempo até que consigamos vir a usar em Portugal aquela nova tecnologia dos telemóveis que já começa a aparecer noutros países. Contudo, parece que são muito caros (centenas de contos) e difíceis de transportar.

O estudo económico que temos de fazer vai-nos obrigar a obter e tratar muita informação estatística para a caracterização do mercado português e europeu. Já estou mesmo a ver as tardes passadas na biblioteca do INE e no Centro de Documentação Europeia, a folhear e fotocopiar relatórios intragáveis. Se ao menos alguém se lembrasse de uma forma de informatizar todos estes dados aos quais pudéssemos aceder de forma remota a partir do escritório.

Lembram-se? Só passaram 20 anos, mas hoje parece que foi mesmo há muito, muito tempo…

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A RFM

Confesso que a RFM é um dos meus ódios de estimação. Não vou discutir a questão do gosto totalmente mainstream das playlists (cada um ouve a música que merece…), mas o que me causa grande perplexidade é a sua manifesta actualidade. Notem, por exemplo, algumas das novidades que os ouvintes tiveram o prazer de apreciar hoje:


- Phil Collins: One More Night
- Cabeças no Ar: Primeiro Beijo
- Luís Represas: Feiticeira
- Tina Turner: We Don´t Need Another Hero
- Xutos e Pontapés: O Homem do Leme
- U2: Where the Streets Have No Name
- Aerosmith: Crazy
- Bon Jovi: It´s My life
- Madonna: Like a Prayer
- Pink Floyd: Wish You Were Here
- Queen: I Want to Break Free
- Katrina & the Waves: Walking on Sunshine

Ainda bem que existem rádios assim, à frente do seu tempo.

Eu imagino que os responsáveis pelas escolhas musicais da RFM estão fechados numa espécie de cápsula temporal, algures perdida nas décadas finais do séc. XX e à qual não conseguem escapar.

Rádio Foi Mau! Só Grandes Músicas! (pelo menos com 5 minutos…).

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Loire

Este Verão, no Vale do Loire, percebi a origem da expressão "à grande e à Francesa":



Chambord


















Cheverny


Amboise
















Azay-le-Rideau

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Mário Luso

Na década de 1970, até aos meus 10 anos de idade, recordo-me de frequentar com alguma assiduidade três restaurantes: o Mucaba, ao fundo da Avenida da República em Gaia, o Mário Luso, nos Carvalhos e o Tanoeiro, em Vila Nova de Famalicão. Mais esporadicamente, a Cervejaria Galiza no Campo Alegre e o conhecido duo da Nacional 1: Rampinha e Cantinho.

O Mucaba, ao qual nunca voltei, já não existe. Ao Rampinha, só regressei novamente este ano: o Bacalhau à Liberdade pareceu-me o mesmo de sempre, mas o ambiente e o serviço são sofríveis. A Galiza já não faz parte dos meus itinerários (prefiro o Capa Negra, mais acima) e a Famalicão já não vou mesmo há muito tempo. Quanto ao Cantinho, sei que ainda lá está, foi remodelado, mas não faço ideia das alegrias ou tristezas que proporciona aos comensais.

No Domingo, seguindo talvez um qualquer impulso nostálgico, convenci a família a ir ao Mário Luso. O ambiente continua acolhedor e confortável, com duas salas muito bem decoradas e uma atenção permanente da anfitriã D. Arménia (julgo que é filha do fundador). Não esperem encontrar carrés, confitados, parfaits, risottos, carpacios, crocantes e outros que tais. A ementa é do mais tradicional que se possa imaginar: Papas de Sarrabulho, Filetes de Pescada com Salada Russa, Rojões, Tripas, Cabritinho…. Provei as papas (sem reparo), e os rojões, tenros, deliciosos, quentes, com batatinha assada e um arroz seco de chorar por mais.

Confesso que ia com o receio de encontrar um local parado no tempo, envelhecido. Pelo contrário: está melhor que nunca e recomenda-se. É bom saber que ainda há lugares assim, de confiança e que perduram para sempre.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O futuro da democracia

Estamos tão ofuscados com a “extraordinária vitória eleitoral” do Partido Socialista nas legislativas que nem reparamos no ainda mais extraordinário resultado do PTP – Partido Trabalhista Português. Este novo partido, com apenas dois meses de existência, conseguiu, logo à primeira, 4789 votantes. Repito: quatro mil e setecentos e oitenta e nove portugueses e portuguesas acreditaram na incrível, inovadora e visionária mensagem do PTP, colocando-o à frente do sempre eterno POUS. Até há poucos dias atrás eu nem sabia da existência do PTP, mas um sketch humorístico do Gato Fedorento sobre o tempo de antena deste partido deu-me a ver o verdadeiro futuro da democracia portuguesa: